segunda-feira, julho 19

Puro sentimento


Nas ruas de Santa Teresa, em dezembro de 2009. Ao conhece um dos mais reservados e encantadores recantos da Cidade Maravilhosa, O Mirante das Ruínas.


Na hora da despedida, a volta, naquela rua de paralelepípedos a percebi, triste após sua queda, mas a sua resistente beleza rendeu esta foto, uma das minhas prediletas.

E assim eu soube que ali um dia iria voltar, e não é que aconteceu? Com a melhor companhia possível.

Depois vi, que este trecho abaixo "conversava" e muito com a foto.

Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de
sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem
importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das
sensações. Compreendo bem as bordadoras por mágoa e as
que fazem meia porque há vida. Estas confissões de sentir
são paciências minhas. Não as interpreto, como quem
usasse cartas para saber o destino. Não as ausculto, porque
nas paciências as cartas não têm propriamente valia. Desenrolo-
me como uma meada multicolor, ou faço comigo figuras
de cordel, como as que se tecem nas mãos espetadas e se
passam de umas crianças para as outras. Cuido só de que o
polegar não falhe o laço que lhe compete. Depois viro a mão
e a imagem fica diferente. E recomeço.

FERNANDO PESSOA - Livro do Desassossego



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-Anderson Souza

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